O funcionário público e o banqueiro, por Rodrigo Spada

A imagem profissional decorre, em enorme medida, da natureza do trabalho. O imaginário da sociedade estabelece rótulos positivos e negativos originados em aspectos verdadeiros das atividades profissionais. Contudo, sem justa crítica, tais rótulos podem ser exacerbados e se transformar em preconceitos e estereótipos nocivos. Por interesse, ideologia ou falta de sofisticação mental, muitas vezes estereótipos são utilizados como instrumentos de ataque contra categorias profissionais ou parcelas da sociedade. Toda generalização é burra ou mal intencionada.

A natureza do trabalho do funcionário público, por mais que possa parecer óbvio, é servir a sociedade que o emprega e remunera. A do banqueiro é a de rentabilizar o capital dos seus correntistas e, acima disso, extrair o maior lucro possível das suas operações comerciais. Seja na captação dos recursos, seja na disponibilização de linhas de crédito e investimento.

Ao servidor, cabe dar o melhor tratamento possível aos recursos do Estado. Por tratamento, devemos entender o recolhimento dos tributos, a administração das finanças públicas e a transformação final dos impostos em serviços ao cidadão. Ao banqueiro, cabe dar a maior rentabilidade possível aos seus clientes e proteger e remunerar os investimentos dos seus acionistas. Para o funcionário público, o dinheiro do contribuinte é um meio de viabilização do Estado, de financiamento do país e de redistribuição de riquezas. Para o banqueiro, o dinheiro é um fim em si mesmo. O sucesso para o funcionário público reside na quantidade e na qualidade dos serviços prestados. Para o banqueiro o sucesso decorre da multiplicação do dinheiro.

O funcionário público, nos limites legais das atribuições e responsabilidades para a função que exerce, está a serviço de toda a nação. O banqueiro não tem compromissos com o não-cliente e muito menos com aqueles 31% de brasileiros excluídos do sistema financeiro, segundo dados do Banco Mundial (2019). Quanto mais recursos do Estado forem destinados à população excluída do sistema, menos circulação de dinheiro pelos bancos haverá. Eis o conflito de interesses.

O ministro Paulo Guedes, fundador do atual BTG Pactual, ex-sócio da JGP, da BR Investimentos e da Bozano Investimentos, em passado muito recente, comparou os funcionários públicos a parasitas e, no dia 27 de abril, vomitou a falácia de que o funcionário público “não vai ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise”. Tudo isso enquanto a maior parte do mundo está valorizando e incentivando os seus funcionários públicos que, ou estão na frente da batalha enfrentando a covid-19 ou estão na retaguarda das equipes de saúde viabilizando recursos financeiros, tecnológicos, humanos ou de infraestrutura para o combate.

Não à toa, como resultado natural e cultural da percepção humana, na literatura e no cinema, é grande o número de funcionários públicos apresentados como heróis: o policial corajoso e honesto, o professor abnegado que muda positivamente a vida das pessoas, dedicados profissionais de saúde, diplomatas idealistas, assistentes sociais comprometidas, militares patriotas e magistrados que buscam fazer justiça.

Ao mesmo tempo, invariavelmente, banqueiros e grandes investidores são retratados em livros e filmes como os contratantes dos vilões e, muitas vezes, como o grande vilão. Portanto, o senhor Paulo Guedes deveria se preocupar muito mais em construir uma boa imagem para os banqueiros e megainvestidores do que se dedicar diuturnamente a ferir a imagem do funcionalismo público.

Funcionários públicos, ministro Paulo Guedes, via de regra, são pessoas que optaram por fazer o bem.

https://www.poder360.com.br/opiniao/economia/o-funcionario-publico-e-o-banqueiro-por-rodrigo-spada/

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A sexta edição do Congresso acontecerá no período de 12 a 15 de junho de 2022 e terá como entidade anfitriã o Instituto dos Auditores Fiscais do Estado da Bahia (IAF). Esse será, sem dúvida, um momento singular para o debate de pautas de interesse do Fisco e da Sociedade Luso-Brasileira.

Democracia e desenvolvimento:
A agenda para o futuro

Em 2022, ano em que o Brasil celebra 200 anos de sua Independência, as Entidades realizadoras do 6º Congresso Luso-Brasileiro de Auditores Fiscais elegeram a cidade de Salvador (BA) – primeira capital do Brasil – para sediar o evento. Nesta edição, as questões fiscais serão debatidas sob a perspectiva da Democracia e do Desenvolvimento, com a preocupação de apontar para uma agenda para o futuro.

A cada edição, o evento internacional tem reunido cerca de 500 congressistas e já conquistou chancelas de peso, como a concessão do Alto Patrocínio do Presidente da República de Portugal e o apoio institucional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A sexta edição do Congresso acontecerá no período de 12 a 15 de junho de 2022 e terá como entidade anfitriã o Instituto dos Auditores Fiscais do Estado da Bahia (IAF). Esse será, sem dúvida, um momento singular para o debate de pautas de interesse do Fisco e da Sociedade Luso-Brasileira.

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